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Do estágio à efetivação: jovens enfrentam desafios e oportunidades no mercado de trabalho

Do estágio à efetivação: jovens enfrentam desafios e oportunidades no mercado de trabalho

O Dia Nacional do Estagiário, celebrado em 18 de agosto, vai além de uma data simbólica. Ele marca o reconhecimento da importância dessa etapa para a formação profissional e para a inserção dos jovens no mercado de trabalho. A data foi instituída em referência à primeira regulamentação da atividade, em 1982, e reforçada pela Lei nº 11.788/2008, destacando que o estágio não é apenas um requisito acadêmico, mas também um processo de aprendizado, desenvolvimento de competências e integração ao ambiente corporativo.

Apesar disso, conquistar uma vaga continua sendo um grande desafio. Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), o Brasil possui cerca de 20 milhões de jovens aptos a estagiar, mas apenas 5,5% conseguem a oportunidade. No ensino médio e técnico, a taxa é de 2,6%, e no ensino superior, de 8,4%. A maior concentração de estagiários está no Sudeste, seguida por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o número de estagiários cresceu de 624 mil em 2023 para 990 mil somente nos dois primeiros meses de 2025. Porém, a rotatividade permanece elevada: cerca de um terço deixou suas vagas no último ano em busca de melhores condições salariais, benefícios e qualidade de vida. O tempo gasto no deslocamento também tem peso significativo, principalmente nas regiões metropolitanas.

Casos de sucesso, no entanto, mostram o impacto positivo dessa etapa. Rafael Araújo, hoje designer visual da FIEMG, iniciou sua carreira em 2013 como estagiário na área de comunicação. Após um ano, foi efetivado. Para ele, a experiência foi decisiva: “A FIEMG me tratou como profissional desde o primeiro dia. Aprendi tanto tecnicamente quanto no aspecto comportamental, como a importância do networking, da comunicação clara e da gestão do tempo. O estágio foi o alicerce da minha carreira”, afirmou.

Essa trajetória é resultado, em parte, da atuação do Instituto Euvaldo Lodi de Minas Gerais (IEL/MG), responsável pela intermediação entre empresas e estudantes. Apenas entre 2023 e 2024, mais de 500 jovens foram encaminhados para vagas na FIEMG. O instituto está presente em 25 estados e, ao longo de sua história, já inseriu mais de 1,5 milhão de estudantes no mercado de trabalho. Dados da Abres apontam que entre 40% e 60% dos estagiários acabam sendo efetivados, confirmando o estágio como uma das principais portas de entrada para o emprego formal.

Na FIEMG, o desenvolvimento de talentos é estratégico. O Programa Rota Futuro foi criado para oferecer experiências estruturadas e alinhadas à cultura da instituição. “O estágio é uma porta de entrada para profissionais que podem, no futuro, assumir posições estratégicas. É uma aposta intencional para garantir a sustentabilidade dos negócios e acelerar resultados”, explica Jeane Souza, analista de Treinamento e Desenvolvimento. Segundo ela, o programa também prepara os jovens para lidar com desafios como choque de gerações, novas formas de comunicação e ansiedade no processo de contratação.

Essa preocupação se conecta a um cenário mais amplo. Pesquisas mostram que a chamada “Geração Z”, formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, enfrenta pressões adicionais, como altos custos de moradia, estagnação salarial e dívidas estudantis. Um levantamento da Deloitte (2024) aponta que 40% desses jovens se sentem constantemente estressados, sendo o trabalho uma das principais causas. Ainda assim, essa geração deve representar 27% da força de trabalho mundial até o fim de 2025, segundo o Fórum Econômico Mundial.

O quadro reforça a necessidade de ampliar oportunidades, reduzir desigualdades regionais e oferecer suporte a quem mais precisa. Mais do que abrir portas individuais, investir em programas de estágio significa preparar um mercado de trabalho mais inclusivo, inovador e competitivo para as próximas décadas.