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Empreendedoras em transição: do comando à readaptação no mercado de trabalho

Empreendedoras em transição: do comando à readaptação no mercado de trabalho

O retorno de mulheres empreendedoras ao mercado de trabalho formal tem revelado uma realidade pouco discutida: os bastidores emocionais e profissionais dessa transição. Após anos à frente de seus próprios negócios, muitas dessas mulheres enfrentam o desafio de recomeçar como colaboradoras — em um movimento que mistura resistência, resiliência e redescoberta.

A comunicadora Lu Brito lançou luz sobre essa camada invisível do empreendedorismo feminino ao compartilhar um episódio pessoal recente: ao convidar uma amiga empreendedora para um evento, ouviu dela frases que revelam o peso desse retorno ao mundo corporativo. “Entrei em um escritório novo, acabou minha liberdade”, desabafou a amiga, em meio a dificuldades financeiras e a frustração com a rotatividade de colaboradores.

Situações como essa ilustram um fenômeno crescente: nem todas as empreendedoras seguem em linha reta rumo ao sucesso. Seja por esgotamento, mudanças no mercado ou falta de recursos, muitas optam — ou são forçadas — a deixar o comando para buscar estabilidade como funcionárias. A decisão, no entanto, vem carregada de conflitos internos e julgamentos externos.

Dentro das empresas, a bagagem trazida por essas profissionais pode ser mal compreendida. A dúvida velada sobre sua capacidade de se adaptar a estruturas rígidas e lideranças hierárquicas ainda é comum. “Será que vai aceitar ordens?” ou “Quanto tempo até tentar abrir outro negócio?” são questionamentos que, mesmo silenciosos, impactam contratações.

Para essas mulheres, o desafio é duplo: além de lidar com as mudanças práticas da rotina de trabalho, enfrentam o peso simbólico de deixarem o título de “empreendedora” para trás — ainda visto como sinônimo de sucesso absoluto. Como destaca Lu Brito, o caminho não é de fracasso, mas de reinvenção.

Por outro lado, empresas que sabem acolher essas profissionais encontram nelas aliadas estratégicas: são mulheres com visão de negócio, capacidade de resolução de problemas e espírito de liderança. O segredo está em reconhecer o valor da experiência empreendedora e criar um ambiente onde ela possa florescer em novos formatos.

O reencontro com o mercado de trabalho pode ser, sim, um processo complexo — mas também uma chance de reconectar-se com um propósito maior, contribuindo para algo além do próprio negócio.

Mais do que nunca, Lu reforça a importância da escuta entre mulheres que vivem essas transições. Em sua conversa com a amiga, ouviu não só desabafos, mas também reconhecimento: “Pessoas como tu nos animam a seguir para vencer”. A troca mostrou que mesmo quem inspira também recua, pensa, recalcula. E que há força, inclusive, em admitir isso.