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Maternidade atípica: jornadas exaustivas, exclusão e falta de apoio ainda marcam a realidade de mães brasileiras

Maternidade atípica: jornadas exaustivas, exclusão e falta de apoio ainda marcam a realidade de mães brasileiras

O Profissão Repórter desta terça-feira (21) expôs a dura rotina de mães que criam filhos com deficiência ou doenças raras. Entre jornadas duplas, exclusão do mercado de trabalho e ausência de apoio, essas mulheres enfrentam uma luta diária por dignidade e sobrevivência.

Vendas no ônibus para sustentar o filho

Em Santos (SP), Carolina Almeida, de 37 anos, vende donuts caseiros nos ônibus para sustentar o filho Lucas, diagnosticado com paralisia cerebral. Há 13 anos, ela deixou o emprego como professora para se dedicar integralmente aos cuidados dele.

“Eu fico com vergonha pelo olhar de julgamento das pessoas. Ninguém sabe da minha história”, desabafa Carolina. “A Carol, sem ser a Carol mãe, não existe mais.”

Condomínio de mães atípicas na Zona Leste

Em São Paulo, um condomínio na Zona Leste abriga 300 famílias, sendo 15% compostas por mães atípicas. Lá, mulheres criam filhos com autismo, paralisia cerebral, Síndrome de Down e deficiência auditiva.

Após o nascimento da filha Lara, Katia precisou abandonar o emprego e montou um ateliê de costura em casa. “Quando a gente se encontra, percebe que não está sozinha”, conta.

Rede de apoio para mães solo

Em Santana de Parnaíba (SP), Leandra Ramos cria sozinha os três filhos autistas — Maria, Heitor e Breno Henrique. Enfrentando depressão e insônia, ela tenta equilibrar o cuidado com as crianças e a própria saúde mental.

À noite, quando todos dormem, Leandra finalmente tem um momento para si: “Aí eu apago as luzes, tomo meu banho, meu remédio e consigo dormir”, relata.

Enquanto aguarda atendimento psicológico pelo SUS, Leandra encontra força em um grupo com quase 400 mães atípicas da região. Nessas reuniões, o foco não são os filhos — mas as próprias mulheres.

Entre elas está Priscila Sapateiro, mãe de três (dois autistas), que transformou o reencontro com a própria identidade em um novo começo: abriu uma loja de perfumes e sabonetes. “Quis algo com significado, que me permitisse não abandonar nem meus sonhos, nem meus filhos”, diz.