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Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem ampliado suas portas para profissionais com mais de 60 anos. Empresas de diferentes segmentos passaram a valorizar a bagagem de experiência, o conhecimento acumulado ao longo da vida e os contatos profissionais desses trabalhadores, reconhecendo o diferencial que eles podem trazer.
Elcio Tadeu Onofre, 61 anos, é um exemplo desse movimento. Atuando como gerente comercial em uma indústria de embalagens com alcance nacional, ele prova que é possível recomeçar aos 60. “Tenho muito a oferecer e ainda muito a aprender nesta nova fase”, afirma.
O gerente de RH da empresa, Willian Simão de Souza, reforça que a idade não é um critério decisivo em seus processos seletivos. Para ele, o que importa é a qualificação para o cargo, desmistificando a ideia de que profissionais mais velhos têm baixa produtividade.
Algumas áreas se destacam pela receptividade aos trabalhadores 60+. Segundo o consultor Virgílio dos Santos, os setores de comércio, serviços administrativos e consultorias são os mais inclusivos. Essas áreas valorizam habilidades como ensinar, orientar e compartilhar experiências, além de oferecer melhores condições para equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
No varejo, por exemplo, Alexandre de Ávila, 62 anos, atua como coordenador de grãos em um supermercado. Ele destaca que, além de proporcionar estabilidade financeira, o trabalho mantém sua mente ativa, evidenciando o impacto positivo de uma ocupação na terceira idade.
Empresas que reconhecem as necessidades de trabalhadores acima dos 60 anos oferecem condições favoráveis para seu desenvolvimento. Michele Garcia, gerente de RH de um supermercado, explica que a experiência prévia não é obrigatória em sua empresa, já que todos os contratados recebem treinamento. Para Michele, funcionários dessa faixa etária se destacam pelo comprometimento e contribuem diretamente para o crescimento da organização.
Contudo, ainda há barreiras a serem superadas. A cozinheira Nelva Almeida enfrentou preconceito etário ao buscar recolocação no mercado. Aos 54 anos, ouviu de uma recrutadora que sua idade era um impeditivo. Determinada, Nelva não desistiu e conseguiu um emprego que transformou sua vida. Hoje, ela planeja cursar Recursos Humanos, determinada a combater preconceitos e provar que a idade não limita capacidades. “Não somos velhos, somos jovens há mais tempo”, diz com orgulho.
Dados do IBGE mostram que pessoas acima dos 60 anos representam cerca de 19% da força de trabalho no Brasil. No entanto, ainda existem desafios, como a necessidade de adaptar horários e rotinas às demandas desse público. Empresas como a liderada por Marcelo Pinheiro têm investido em soluções, como escalas fixas e bancos de horas, para garantir flexibilidade e qualidade de vida aos profissionais.
Apesar das dificuldades, o mercado de trabalho está evoluindo para aproveitar o potencial de profissionais experientes. Suas habilidades, compromisso e abertura para aprender mostram que talento não tem idade. As empresas que reconhecem isso têm muito a ganhar, tanto em resultados quanto no fortalecimento de suas equipes.