Notícias Novidades

Reajustes salariais superam inflação em 2025, mas ganhos reais perdem fôlego diante da alta de preços

Reajustes salariais superam inflação em 2025, mas ganhos reais perdem fôlego diante da alta de preços

Apesar do cenário de inflação em elevação, o mercado de trabalho brasileiro permanece aquecido em 2025, o que tem sustentado reajustes salariais superiores à inflação. No entanto, o avanço dos preços tem limitado o crescimento dos ganhos reais dos trabalhadores.

De acordo com o Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o reajuste nominal mediano em abril foi de 5,7%, ligeiramente acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acumulou 5,2% no período. Em comparação, no mesmo mês de 2024, o reajuste foi de 4,5% para uma inflação de 3,4%, garantindo um ganho real mais expressivo do que neste ano.

Segundo o coordenador do estudo, professor Helio Zylberstajn, o crescimento da inflação tem levado as empresas a restringirem aumentos salariais reais mais robustos. Mesmo assim, o mês de maio — tradicionalmente o mais forte para negociações — deve apresentar resultados expressivos, com cerca de 20% das negociações concentradas nesse período.

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também apontam que, entre janeiro e maio, 78,4% das negociações resultaram em reajustes acima do INPC, enquanto apenas 9% ficaram abaixo.

Mercado de trabalho segue aquecido

Contrariando as expectativas de desaceleração econômica, o emprego tem mantido ritmo elevado em 2025. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio foi de 6,2%, com 103,9 milhões de pessoas ocupadas. Os dados do Caged (Ministério do Trabalho) mostram um saldo positivo de 922.362 vagas formais entre janeiro e abril — apenas levemente inferior ao mesmo período de 2024.

A renda real média cresceu 3,1% no trimestre encerrado em maio em relação ao mesmo período de 2024. No setor da construção civil, esse aumento foi ainda mais expressivo, atingindo 7,7%, reflexo da escassez de mão de obra qualificada.

Segundo Matheus Ferreira, analista da Tendências Consultoria, a geração de empregos se mantém firme, especialmente em setores como comércio e serviços. Ainda assim, ele observa sinais iniciais de desaceleração, embora os números permaneçam elevados.

O Banco Central tem acompanhado de perto a resiliência do mercado de trabalho, que vem contribuindo para sustentar o consumo e dificultando o controle da inflação. Na ata de sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que os rendimentos continuam altos, apoiando o crescimento da renda familiar ampliada.

Perspectivas para o ano

Analistas projetam que o mercado de trabalho seguirá forte até o final de 2025. A consultoria LCA prevê uma taxa média de desemprego de 6,3% no ano, abaixo dos 6,6% registrados em 2024. A expectativa é de que a renda real avance 3,2%, mesmo com a desaceleração frente aos dois anos anteriores.

Segundo o economista Bruno Imaizumi, da LCA, o crescimento tem sido puxado principalmente pelos empregos formais, que oferecem maior estabilidade e remuneração. “É uma desaceleração, mas ainda representa um desempenho sólido, especialmente considerando o cenário econômico modesto projetado para o ano”, conclui.