O mercado de trabalho brasileiro apresenta perspectivas favoráveis para o segundo semestre de 2025. De acordo com levantamento realizado pela plataforma InfoJobs, especializada em recrutamento, projeta-se um aumento de 62% no número de vagas anunciadas em comparação ao semestre anterior. Especialistas ouvidos pelo jornal O DIA apontam setores promissores e compartilham orientações para candidatos em busca de recolocação ou do primeiro emprego.

Setores em expansão

A CEO do Grupo Action RH, Ellen Anholeto, afirma que o momento é positivo, mas alerta para a necessidade de acompanhar as transformações econômicas e tecnológicas que podem impactar a estabilidade do cenário. Segundo ela, o setor de logística deve liderar a geração de empregos, impulsionado pela expansão do e-commerce e pela preparação para datas comerciais como Black Friday e Natal. A expectativa é de abertura de novos centros de distribuição e aumento de contratações.

Outros setores em alta incluem atendimento ao cliente e funções comerciais, especialmente aquelas voltadas à prospecção, negociação e relacionamento com clientes. Patricia Suzuki, diretora de Recursos Humanos da Redarbor Brasil (grupo que detém a plataforma Catho), destaca ainda a crescente demanda por profissionais das áreas de tecnologia, engenharia e saúde — com destaque para cargos como analista de dados, desenvolvedor de software, técnico em enfermagem e engenheiro civil.

Áreas com menor crescimento

Por outro lado, funções fortemente impactadas pela automação ou pela mudança de hábitos do consumidor, como operadores de telemarketing tradicional e cargos administrativos operacionais, tendem a registrar queda na procura. Isso exige dos profissionais dessas áreas um esforço de requalificação e adaptação a novas demandas.

A escassez de talentos persiste em segmentos como tecnologia da informação, enfermagem e educação bilíngue. A velocidade da transformação digital e a dificuldade em formar profissionais qualificados no mesmo ritmo geram um desequilíbrio entre oferta e demanda, como observa Suzuki.

Perfil das vagas

As vagas operacionais e de apoio continuam liderando em volume, com aumento de 31 mil e 17 mil postos, respectivamente. Também se observa um crescimento expressivo nas oportunidades para trainees, com alta de 95% no semestre.

Apesar do cenário positivo, áreas como tecnologia da informação, telecomunicações e comércio exterior devem manter ritmo mais moderado de crescimento. Para quem atua nesses setores, especialistas recomendam investir em requalificação e no desenvolvimento de novas competências técnicas e comportamentais.

Recolocação e primeiro emprego: orientações práticas

Para profissionais que buscam retorno ao mercado, Daniel Consani, CEO do Top of Mind de RH, reforça a importância da atualização contínua, tanto técnica quanto comportamental. Ele recomenda o investimento em cursos online, participação em eventos da área e presença ativa em plataformas como LinkedIn.

Ellen Anholeto acrescenta que, dependendo do tempo de afastamento, pode ser necessário aceitar cargos iniciais para retomar a trajetória profissional. Demonstrar proatividade e abertura para recomeçar são atitudes valorizadas pelos empregadores.

Já para quem busca o primeiro emprego, Ricardo López, especialista em Recursos Humanos da Sesame HR, destaca a importância de demonstrar interesse, capacidade de adaptação e disposição para aprender. Patricia Suzuki sugere que o currículo contemple experiências informais, como trabalhos voluntários, projetos pessoais e cursos extracurriculares, que evidenciem responsabilidade e iniciativa.

Currículo e entrevista: principais cuidados

Entre os erros mais comuns apontados pelos especialistas estão: envio de currículos genéricos para diferentes vagas, ausência de atualização do perfil no LinkedIn, foco excessivo em títulos acadêmicos em detrimento de experiências práticas, e despreparo para entrevistas. É fundamental que o currículo seja objetivo, bem estruturado, personalizado para a vaga em questão e contenha informações relevantes como experiências, habilidades, formação, idiomas e certificações.

Competências em alta

No campo comportamental (soft skills), destacam-se: inteligência emocional, pensamento crítico e flexibilidade. Já no campo técnico (hard skills), ganham relevância: análise de dados, automação de processos, metodologias ágeis, domínio de ferramentas digitais de gestão e conhecimento em inteligência artificial generativa.

Em resumo, o segundo semestre de 2025 apresenta um cenário de retomada consistente e diversificação das oportunidades. Para aproveitar esse movimento, é essencial manter-se atualizado, investir em qualificação e estar alinhado às transformações do mercado.